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Historia do Rock-Capit.2

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Mensagem  PapaNJam Qui Jul 03, 2008 11:34 am

Historia do Rock-Capit.2 Foto3212A “Geração Beat”

Em fins de 1950, o rock’n’roll já se apresentava como um produto inserido no sistema cultural. A postura de diversos setores da sociedade havia mudado em relação ao rock: se antes ele era maldito, condenado pelos setores mais conservadores, agora já fazia parte dos valores da sociedade em geral. Nessa época, o gênero sofreu um “esvaziamento”, provocado pela intensa comercialização dos discos de rock’n’roll e a divulgação de ritmos dançantes.

Essa ´comercialização´, esse abrandamento do fogo do rock, repercute entre os próprios artistas negros quando à prosperidade da Era de Eisenhower promove o aparecimento de uma classe média negra que se pretende ´respeitável´ e psicologicamente embranquecida. (MUGGIATI, 1973, p. 41)

Ao mesmo tempo em que o rock’n’roll se expandia, alguns músicos negros passaram a criar um tipo de música mais suave, até mesmo religiosa: “Era uma música sob medida para servir de pano de fundo sonoro à TV...”(id.)

Um dos presidentes dos Estados Unidos no final da década de 1950, Eisenhower foi um herói da Segunda Guerra; sob seu governo, o país era considerado o guardião da paz no mundo, apesar da entrada na Guerra do Vietnã. Esse acontecimento desencadeou muitas manifestações por parte dos jovens, que condenavam a guerra.

Historia do Rock-Capit.2 Bobroc10Por volta de 1960, um novo personagem surge no cenário do rock, movido pelo ideal de revolução e por forte sentimento político: Bob Dylan, o “apanhador nos campos de centeio”. Como compara Muggiati (1973), Dylan é a personificação de Holden Caulfield, o garoto desajustado do livro de J. D. Salinger – personagem considerado o ponto de ruptura no modelo juvenil americano da década de 50.

Paralelamente à música de Dylan, o movimento beatnik também movimentava a América, inclusive influenciando na composição das músicas e na postura dos jovens da época. A expressão beat, segundo Mugiatti (1985, p. 61), poderia representar “batida”, “ritmo” ou também “derrotado”, “cansado”, enquanto que nik relacionava-se a “esquerdismo”, “rebelião”. Jack Kerouac e Allen Ginsberg foram importantes representantes da estética beat.

A música de Dylan se encaixa em um novo “modelo” de rock que surgia no começo da década de 60: a canção de protesto. Junto com Joan Baez, uma cantora de ascendência mexicana, Dylan se tornou o porta-voz da juventude pela liberdade, contra a guerra do Vietnã e o preconceito racial. Em 1963, os dois estavam na Marcha dos Direitos Civis sobre Washington, ao lado do líder negro Martin Luther King.

A música de Dylan e Baez era a chamada folk song. Ao som de violão, voz e gaita, eles se preocupavam com a poesia das letras; o importante, nesse caso, era a mensagem a ser transmitida. Uma das canções de Dylan de maior sucesso foi Blowin’ in the Wind; ele também publicou um livro de poemas, intitulado Tarantula, em 1966. Joan Baez teve uma de suas canções, Diamonds and Rust, regravada anos mais tarde por uma banda de heavy metal, Judas Priest.

No entanto, a influência de Bob Dylan (vaiado no Festival de Newport por se apresentar ao som de guitarra elétrica) e Joan Baez foi se dissolvendo a partir de 1965, como explica Chacon (1985):

...parece ter sido o ano da virada. O burburinho que vinha se formando no início da década, seja no sentido Rock, seja num sentido mais amplo, tomou contornos rápidos a partir daquele ano e tornou São Francisco a nova capital do mundo juvenil.

“DÁ LICENÇA, ME DEIXA BEIJAR O CÉU?”

Na década de 60, as roupas coloridas, cabelos compridos e o “flower power” tomaram conta da América, mais especificamente da Califórnia, com o movimento hippie. Movidos pelo slogan “paz e amor”, esses jovens que se entregaram à ideologia do pacifismo, do amor livre e das “viagens” de LSD representaram um movimento importante para a contracultura: “o movimento hippie vai construir suas comunidades em meio a um clima astrológico que previa (...)o advento de um novo mundo”(CHACON, 1985. p. 63). Eles esperavam pela “Era de Aquário” em meio à busca pelo prazer: “...não havia lugar para a injustiça social, a degradação da natureza e a opressão humana.”(MUGGIATI, 1985, p. 41)

Neste contexto, acontece o Festival de Monterey, em 1967, quando surge uma nova estrela que teria seu nome gravado na história do rock: Janis Joplin. Essa branca do Texas, que passou a adolescência ouvindo cantoras negras de blues como Bessie Smith e Billie Holliday, “aos 17 anos abandona a família para cantar em troca de bebida nos bares de beira de estrada, seguindo a trilha errante dos cantores de blues” (MUGGIATI, 1973, p. 45). A voz rouca de Janis e sua interpretação nos palcos a tornaram uma das cantoras mais sensuais de todos os tempos; uma de suas frases confirma essa característica, mas também demonstra a sua dor ao lidar com as pressões da carreira: “Faço amor no palco com 25 mil pessoas e depois vou para casa sozinha” (id., 1985, p. 13).

Historia do Rock-Capit.2 Ghendr12Outro importante artista que deixou seu nome marcado como um dos maiores guitarristas de rock foi Jimi Hendrix. Influência para muitos outros que vieram nas décadas seguintes, Hendrix inaugurou o virtuosismo nas canções de rock; o uso de tecnologia para a distorção de sons, apresentações de contorcionismos com a guitarra e o visual extravagante foram marcas registradas deste astro do rock.

Seu relacionamento quase sexual com a guitarra se assemelha à dança de acasalamento de uma espécie estranha, de uma raça interplanetária. Além das contorções corporais, Jimi joga com as distorções sonoras, arrancando notas incríveis da guitarra, envenenada por uma quantidade de novos recursos eletrônicos. (id., p. 17)

No início, Hendrix formou o The Jimi Hendrix Experience, mas sua carreira se consolidou realmente como artista solo, acompanhado, muitas vezes, por outros músicos. Uma de suas canções mais conhecidas, Hey Joe, conta a história de um marido que mata sua esposa; essa música, inclusive, foi regravada nos anos 90 por uma banda brasileira, O Rappa.

Historia do Rock-Capit.2 The_do12The Doors foi outro grupo que surgiu em 1967 e teve uma curta, porém marcante carreira. Jim Morrison, vocalista e líder da banda, mostrava grande sensualidade no palco. Um dos interesses de Morrison, que também havia estudado técnicas cinematográficas em Los Angeles, era o xamanismo, antiga religião asiática. No dicionário, xamã significa “sacerdote mágico, que entra em transe”, e essa descrição é adequada à postura de Jim Morrison. A música The end, do mesmo disco da clássica Light my Fire, foi incluída no filme Apocalipse Now, de Francis Ford Copolla

Uma possível explicação para o nome The Doors a inspiração da banda no livro de Aldous Huxley, de 1954, The doors of perception, o qual se relacionava às sensações provocadas pelo uso de drogas. Como explica Muggiati (1973), artistas como Jim Morrison buscavam o efeito da sinestesia em suas canções – “o estímulo que atua sobre um canal sensorial parece evocar imagens de outro canal tão prontamente como se fossem sensações do mesmo ‘modo’”. Para isso, as drogas exerciam papel fundamental: “naqueles dias a vida ou corria muito rápida (como quando se rebobinava um filme) ou então tudo parava, no torpor das drogas (como em câmara lenta).” (id., 1985)

Ainda houve muitos outros grupos que caracterizaram o rock de São Francisco, influenciado pela cultura dos hippies e, conseqüentemente, pelo psicodelismo. Entre eles, The Grateful Dead, Buffalo Springfield, The Byrds, The Mamas and Papas (autores da clássica California Dreamin’), Creedence Clearwater; mas um que merece destaque é o Jefferson Airplane.

Como explica Muggiati (1973), o grito de guerra do Jefferson Airplane, liderado pela vocalista e compositora Grace Slick, era Feed your head! (Alimente sua cabeça). Isso demonstra uma das características do rock desta época, que, além de ser chamado de acid rock (rock-ácido), também ficou conhecido como head-music (música de “cuca”, ou de “curtição”).

Entretanto, em 1970, as mortes de importantes representantes do acid rock abalaram a ligação entre a música e as drogas: Jimi Hendrix é sufocado com seu próprio vômito, depois de uma intoxicação de barbitúricos e Janis Joplin é encontrada em seu quarto, vítima de overdose de heroína. No ano seguinte, Jim Morrison morre devido a uma parada cardíaca. Os três formaram a chamada “Santíssima Trindade Trágica do Rock”, como compara Muggiati, e marcam uma época de transição - a partir de 1970, o rock sofre uma nova mutação.

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