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Optimus Alive!08: reportagem do primeiro dia

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Mensagem  PapaNJam Sex Jul 11, 2008 5:54 am

17h16 - Acaba de arrancar a segunda edição do Optimus Alive!08.

No Palco Optimus, os Kalashnikov tocam rock de guitarra eléctrica "acesa" e divertem a plateia com uma série de ditos politicamente incorrectos.
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Louvores à China e insultos ao Tibete, "props" para o candidato republicano à Presidência dos Estados Unidos, John McCain, e muitos "fuckings" entre cada palavra, apesar de esta ser uma banda portuguesa, têm entretido o público que começa a entrar no recinto.

As filas para entrar, tal como o calor, já são muitas; à porta do recinto vêem-se muitos espectadores de mochila de campismo às costas (possivelmente irão aproveitar a parceria do festival com o parque de campismo de Monsanto) e muita gente equipada com t-shirts das suas bandas favoritas (Rage Against the Machine e Gogol Bordello à cabeça).

Nos bastidores, a BLITZ já falou com Eugene Hütz, dos Gogol Bordello , que esta noite prometem dar um concerto à altura dos espectáculos do ano passado, em Sines e Paredes de Coura.

17h32 - Os Kalashnikov despedem-se do palco principal berrando que "Portugal não é só fucking fadistas".

18h30 - Os Galactic fazem o papel de "outsiders" no cartaz de hoje, dominado por guitarras. A banda americana toca canções longas de soul/funk, procurando entusiasmar os poucos presentes, esparramados frente ao palco.

Muitos dos espectadores assistem ao concerto sentados, de tronco nu (apenas os rapazes, calma) e até descalços (sobretudo a "armada" estrangeira, presente em quantidades generosas no Optimus Alive!08).
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Daqui a poucos minutos, no palco Metro On Stage, começa um dos concertos mais esperados da jornada: o dos Vampire Weekend .

19h10: À hora marcada, os Spiritualized sobem ao palco Optimus, principiando a sua actuação a todo o fôlego, recorrendo ao feedback. Ao fundo, um coro soul feminino de dois elementos junta a sua voz à de Jason Pierce. O sol ainda raia no Passeio Marítimo de Algés.

O espírito eléctrico do início dá lugar ao psicadeliamo espacial, quase religioso, com o autor de A&E a cantar bem colado ao microfone. A canção, vagarosa e com trejeitos gospel, é "Shine a Light". O espírito melódico de "Set My Soul On Fire" adequa-se, surpreendentemente ao sol radioso de fim de tarde junto ao Tejo. Os Spiritualized abusam da guitarra slide, um traço de espiritualidade que se agradece. Com "Come Together", um velho clássico de electricidade gospel, o cenário torna-se perfeito. O Palco Optimus arranca em grande.
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19h45 - Na hora da despedida, os Vampire Weekend acham que o público português tem outro encanto e desfazem-se em elogios, elevando os espectadores nacionais ao estatuto de melhores do mundo.

Não é para menos - a banda de Nova Iorque, uma das primeiras a actuar no Palco Metro On Stage, foi recebida de forma apoteótica pela multidão que os aguardava freneticamente.

Este ano a funcionar numa tenda rectangular e comprida, o Palco Metro On Stage conheceu neste concerto a sua primeira enchente - aliás, o público "transbordava" do espaço, acompanhando os temas mais populares dos Vampire Weekend com palmas, coros e alguns gritinhos.

No seu já habitual look ultra-clean, os norte-americanos têm tudo a seu favor: o "zeitgeist", amigo de guitarras indie arraçadas de música africana, e um punhado de canções muito pegadiças, recebidas no Optimus Alive!08 com todas as honrarias.
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"Mansard Roof", "Oxford Comma", "A-Punk", "Blake's Got a New Face", "I Stand Corrected" ou, a fechar, "Walcott" levaram ao rubro o palco secundário, por esta hora tão ou mais concorrido que o principal.

Desta actuação recordaremos a camisa encharcada do vocalista Ezra Koenig e os braços no ar dos milhares de espectadores, na maioria bastante jovens, que nesta hora passaram, como diria Koenig, um "good summer time".

Veja aqui as fotos de Spiritualized e Vampire Weekend

21h20 - Os nova-iorquinos MGMT terminam uma transpirada actuação no palco Metro On Stage. A banda de Brooklyn foi recebida em êxtase por uma multidão a quem Oracular Spectacular não passou despercebido. Um quinteto em palco, o grupo não se deixou intimidar pelas expectativas e, por entre alguma poeira gerada pela brisa de fim de tarde, desfilou estupendos temas do seu álbum de estreia. Os pontos altos foram guardados para o fim, com "Time To Pretend" e "Kids", mas a muito electro-funk "Electric Feel" também fez mossa, apesar de algum êxodo à medida que os National, no palco Optimus, chamavam pelo povo.

Com teclados que lembram algumas construções do rock progressivo, os MGMT recorrem em doses iguais ao psicadelismo, ao soft-rock dos anos 70 (ainda com os Beatles na memória recente), juntando-lhe um espírito ultra-pop que faz milagres em "Weekend Wars", "Youth" e na celebratória "Handshake". Uma revelação só para quem não andou distraído em 2008.

20h20 - A viver um bom momento de forma musical e de aceitação por parte do público, os National subiram ao Palco Optimus quando o sol ainda brilhava.

Matt Berninger, o vocalista da banda que, desta feita, se moveu a água, vinho e cerveja, brincou várias vezes com o horário do concerto. "O sol já se pôs?", perguntou perto do final do espectáculo, antes de os americanos tocarem "Ada", um dos mais pacatos momentos do recente Boxer .

Tal como em Maio, na Aula Magna, os National trouxeram consigo Padma Newsome, um faz-tudo a quem cabe reforçar a emotividade de várias canções, quer seja com o violino, nas teclas ou na melódica.

Além deste reforço de luxo, os National contaram ainda com uma mini-secção de sopros, essencial para sublinhar a beleza crepuscular de "Fake Empire", excelente momento desta noite, de resto, ou "Slow Show".

A banda teve, de forma geral, o público do seu lado. A audiência deste Optimus Alive!08 tem-se mostrado atenta às "novidades" do indie e pôde assim trautear músicas como "Secret Meeting" , "Abel" ou "Squalor Victoria".
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Outro dos trunfos dos National foi apostar "forte e feio" na sua secção rítmica (e só o baterista é um verdadeiro abono de família) e enrijecer as suas músicas; na frente do palco, os guitarristas Aaron e Bryce Dessnern também foram incentivando à participação popular, assumindo uma postura de suave desafio.

Mas, para um expedito leitor da BLITZ, o melhor momento terá chegado quando Matt Berninger perguntou onde estava "Mr. Rodrigues" e lhe agradeceu a carta que o fã português lhe fizera chegar, tirando a dita missiva do bolso das calças. Para mais tarde recordar, certamente.

A despedida foi, como habitualmente, ao som de uma furiosa "Mr. November" e da já esperada descida de Matt Berninger à plateia.

21h45 - Os Gogol Bordello entram no Palco Optimus.

23h01 - Os Gogol Bordello despedem-se do público português no meio de muita euforia.

A trupe de Eugene Hütz voltou a não dar um segundo de descanso à plateia nacional, tal como acontecera no ano passado, em Paredes de Coura e Sines.

Com percussão, guitarras, bailarinas, acordeão e violino, os Gogol Bordello fazem de cada concerto não uma festa, mas um arraial de feira gigantesco, onde punk, folk balcânica, reggae, ska, country e pop convivem de forma absolutamente caótica, mas eficaz.

Em entrevista à BLITZ esta tarde, Eugene Hütz, que agora vive no Rio do Janeiro - daí as palavras que ensaiou em portugês - explicou que dar um concerto a meio gás não é, simplesmente, uma hipótese.
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A prova está nos espectáculos como o desta noite, em que a quilometragem da banda só é igualada pela dos fãs, que dançam como quem corre em seco (sem sair do lugar) e adere euforicamente a canções como "Start Wearing Purple".

De figa ao pescoço, calças de fato de treino presas por alfinetes e argolas de pirata na orelha, Eugene Hützm aka Mr. Gogol Bordello, já é um dos vencedores da noite.

Veja aqui as fotos de The National e Gogol Bordello

23h00 - Apesar de pouco passar das horas a que os pais deitam os filhos, o electro bojudo de Peaches transformou o até há pouco crepuscular Palco Metro On Stage numa pista de dança que ferve madrugada adentro. A canadiana actua em formato DJ, um nível abaixo do palco, mas não se inibe de, amiúde, subir ao centro das operações para incitar as massas.

Veste uma pitoresca jaqueta dourada de mangas de balão, calças justas pretas e ostenta o seu habitual penteado 80s trash com "mullet" encaracolada - a discrição não é a imagem de marca da artista.

O electro corpulento é o seu "métier", as batidas bem pesadas a intromerem-se em malhas de teclados cintilantes, piscando o olho ao finado electroclash mas sem esquecer recentes lições francófonas à Justice. Podiam ser 4 da manhã.

00h00 - "You Dress Up For Armageddon", canta Pelle Almqvist no seu jeito gingão, uma mão na cintura, outra procurando auscultar a multidão (que já espera os RATM, o que motivou alguma comunicação "azeda" com um espectador). O rock trepidante e cartoonesco dos Hives é bem recebido pela população festivaleira, poucos meses depois do primeiro concerto "indoor", uma inesquecível actuação no Coliseu de Lisboa.

Intencionalmente exagerado na pose e nas palavras de ordem (quase sempre em honra da sua própria banda), Almqvist é um espectáculo dentro do espectáculo: esbraceja, percorre o palco de uma ponta a outra, manipula o fio do microfone com mestria, bate palmas ao compasso. O desfile de canções irrecusáveis impressiona: "Walk Idiot Walk", "Won't Be Long", "Hey Little World", "Two-Timing Touch and Broken Bones", o hino "Hate I Told You So" ou a insinuante "Diabolic Scheme".

O espectáculo dos Hives é um autêntico livro rock'n'roll de bolso: não conta a história toda mas resume-a muito bem. A ordem é para agitar o corpo e responder aos reptos do mestre-de-cerimónias. Outros valores (políticos) se levantarão quando, depois das 00h40, os Rage Against The Machine subirem ao palco. Por ora o divertimento (sem panfleto) é garantido.

00h30 - Depois do obrigatório "Blind", os Hercules and Love Affair entram em modo quase improvisacional.

A trupe do DJ Andy Butler apresentou-se no Optimus Alive!08 sem Antony Hegarty, a voz do tal hit "Blind", mas com uma banda caprichada onde não faltam trombones, sintetizadores, percussão e guitarras.
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O centro das atenções, porém, é a vocalista Nomi, que além de emprestar às canções do projecto a sua voz quente, bamboleia-se em grande estilo, primeiro num vestido lilás, mais tarde num mini-vestido azul-turquesa, feito de farripas.

O disco-sound dos Hercules and Love Affair é profundamente divertido, como se quer neste género musical, sem dispensar um certo apelo cerebral, mistura da qual nasce um apelativo equilíbrio.

O falsete de Kim Ann Foxman não foi tão bem recebido como os passos de dança da endiabrada Nomi, mas o ritmo imposto pela banda e o cariz dançável de cada segundo da música dos Hercules and Love Affair foram mais do que suficientes para manter a festa bem quente no Palco Metro On Stage.

02h30 - A multidão que a organização estima ter chegado aos 40 mil espectadores abandona o recinto após um arrasador espectáculo dos Rage Against The Machine. "Killing In The Name" foi, como seria de esperar, a derradeira estocada num concerto que levantou - literalmente - muita poeira no Optimus Alive!08.

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