Oeiras Alive-Rage Against The Machine
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Oeiras Alive-Rage Against The Machine
Tudo começou um pouco depois da hora prevista. O palco principal acendeu-se - uma enorme estrela vermelha sobre fundo negro, a cara de Che Guevara num amplificador - e o quarteto que todos esperavam surge no horizonte.
Já se sabia que o público estava disposto a embarcar numa viagem rumo aos anos 90 - antes do concerto, boa parte entoou certeiramente "Sweet Child o' Mine", que passava no sistema de som - mas ainda assim foi impressionante ver um verdadeiro mar de gente a saltar durante quase todo o espectáculo, de forma não só uniforme entre si, como em assinalável sintonia com o que se ia passando em palco.
"Testify" deu início às hostilidades e mostrou um Zack de la Rocha com tanta energia como se continuasse nos seus 20 e poucos anos - dir-se-ia mesmo que foi o único homem da noite a rivalizar, em quilómetros corridos em palco e energia destilada, com o imparável Eugene Hütz, dos Gogol Bordello.
O vocalista dos Rage Against The Machine parece também ter conservado toda a fúria que, em concerto, lhe serve de combustível (o que se compreende se pensarmos que, desde a primeira encarnação dos Rage Against The Machine, as coisas que o perturbavam não mudaram assim tanto).
Do cimo da Torre Optimus, de onde a BLITZ teve permissão para ver parte do concerto, era possível descortinar todo o tipo de salto, air-guitar, air-drumming, mosh e mesmo uma ou outra escaramuça. De tronco despido, punho no ar e rodeados de poeira, os espectadores deste concerto foram, como diria Gabriel Alves, um espectáculo dentro do espectáculo.
Igualmente emblemático continua Tom Morello, que ao longo da noite se dirigiria numerosas vezes os fãs no seu idioma predilecto: a guitarra eléctrica, da qual saca riffs incendiários e efeitos improváveis, "emoldurados" pela secção rítmica pujante de Tim Commerford e Brad Wilk.
Foi assim em "Bulls On Parade" - a raiva a subir de nível, com público e banda igualmente empolgados - ou "People of the Sun" e "Bombtrack", a provar, se preciso fosse, que os fãs continuam a ter na ponta da língua os refrões-slogans de Zack la Rocha, o pregador.
Outro dos momentos altos do espectáculo foi "Bullet In The Head", com o povo em coro afinado e Zack de la Rocha expectante, observando a sua devoção, antes de explodir em mais uma correria ou um recorde no salto em altura.
Por esta altura, um fã emocionado pedia-nos que escrevêssemos "Zapata is still alive, e é por isso que eles aqui estão!". A identificação do público com a mensagem política da banda reflectia-se nas muitas t-shirts com a cara de Che Guevara, envergadas pelos espectadores - quanto a Zack de La Rocha, vestia uma camisa vermelha que encharcou com distinção.
Aplaudidos por um público maioritariamente, mas não exclusivamente masculino e deveras entusiasmado com o reencontro (ou primeiro encontro) com uma das bandas da sua vida, os Rage Against The Machine deram o concerto que se esperava - o que, dadas as altas expectativas depositadas neste espectáculo, é bom sinal.
"Guerilla Radio" e "Sleep Now In The Fire" foram algumas das últimas músicas antes do encore, que trouxe consigo A Internacional (hino socialista), elogios a José Saramago e o momento mais esperado da noite: "Killing In The Name".
O riff inconfundível deu o sinal de partida para milhares de punhos no ar, piruetas de toda a espécie e um rebuliço inqualificável que cobriu todo o recinto - e todos os espectadores - de poeira da cabeça aos pés.
02h30 - A multidão que a organização estima ter chegado aos 40 mil espectadores abandona o recinto após um arrasador espectáculo dos Rage Against The Machine. "Killing In The Name" foi, como seria de esperar, a derradeira estocada num concerto que levantou - literalmente - muita poeira no Optimus Alive!08.
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