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Curiosidades - Slash conta detalhes sobre seu vício em drogas-Part-2

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Mensagem  PapaNJam Ter Mar 24, 2009 5:56 am

"Minha retaliação quando eu me frustro criativamente é ser autodestrutivo com as drogas. É minha desculpa para seguir esse caminho. É um fenômeno comum pros nóias. Então pouco depois de chegar a Los Angeles, considerando o estado das coisas com a banda, logo que a oportunidade surgiu, eu estava louco pra tirar proveito. Megan e eu tínhamos nos instalado; estávamos felizes em nossa nova casa. Ela se revelou uma bela dona de casa, mantinha o lugar, cozinhava, era muito caseira de uma maneira natural. Ela ia pra cama cedo e acordava pra ir pra academia e depois fazer faxina e jantar. Ela ficava em casa e ia pra cama às 10 ou 11 da noite e eu ficava acordado a noite toda, no andar de baixo, na sala de estar, injetando a cada par de horas no banheiro. Algumas noites eu compunha músicas no sofá, noutras eu ficava olhando pras cobras. Antes que notasse, já era de manhã e a Megan tinha acordado e a gente se divertia até eu ficar cansado. Ela nunca perguntava nada e a gente se deu bem assim por um tempo, de maneira muito feliz. Tínhamos apelidos pra tudo. Tudo pra ela era 'lindinho' ou 'uma graça', e eu geralmente era 'docinho'".
"Logo eu comecei a misturar cocaína com heroína além da conta e realmente curtia aquele tipo único de paranóia alucinatória que vem com a mistura. Ninguém tinha me ensinado a misturar as duas coisas. Eu achava que era igual receita de bolo. Coca e heroína são duas coisas boas que ficariam ainda melhor juntas. O pega da coca me chutava pra cima e dai a heroína fazia efeito e a viagem dava uma bela volta; as duas ficavam se alternando na minha mente e eu sempre acabava injetando toda a heroína antes de mandar a coca pra dentro, daí eu ficava ligado a ponto de ter um ataque do coração. Ao fim dessas noites, eu acabava ficando também com uma sensação peculiar de que alguém estava me observando, então comecei a andar pela casa armado até os dentes, o que me parecia sensato".
"Comprei um bando de berros: uma escopeta, um .38 especial, uma Magnum .44, e alguns revólveres. Eu colocava meu .38 atrás das calças, e depois que a Megan ia dormir, eu dava um rolê pela casa pensando nas coisas enquanto observava as figuras de minha alucinação aparecerem nos cantos da minha visão. Eu via elas pularem e rolarem pelos puxadores da cortina e correrem pelo canto dos meus olhos, mas toda vez que eu tentava virar a cabeça pra vê-los, eles desapareciam. Foi por aí que eu parei de falar com todo mundo que conhecia e comecei a desenhar feito um louco".

"Ao longo de minha vida, meus desenhos sempre refletiram no que eu estava concentrado na época. Durante esse período, eu não desenhava nada senão dinossauros e uns logotipos variados. Eu devia ter desenhado os pequenos demônios que eu nunca conseguia ver ou registrar em fitas de vídeo – acredite, eu tentei isso também. Tão breve eu comecei a usar heroína e cocaína juntas de maneira regular, aqueles caras estavam por todo canto. Eles eram figuras pequenas, gosmentas e transparentes que eu via de longe até que eles subissem em minha jaqueta quando eu ficava chapado. Eu queria conhecê-los de algum modo; eu me deitava no chão, esperando meu coração desacelerar, assistia ao pequeno Cirque du Soleil que aqueles sujeitos montavam pelo quarto. Eu muitas vezes pensava em acordar Megan pra que ela pudesse vê-los também. Eu até tirei fotos deles no espelho quando os flagrei pendurados no meu ombro e no meu cabelo. Eu comecei a conversar sobre eles e vê-los tão claramente que apavorei até meu traficante. Nas raras ocasiões que eu saía de casa pra comprar bagulho, eu geralmente me picava na casa dele e começava a ver aqueles homenzinhos subindo em meu braço. 'Hey, você tá vendo isso?' eu perguntava, esticando meu braço. 'Você tá vendo esse homenzinho, né? Ele está bem aqui'. Meu traficante só ficava dando um grau em mim. E era um sujeito que estava bem acostumado ao peculiar comportamento dos nóias. 'Melhor você ir, cara,' ele dizia. 'Você tá muito louco. Você deveria ir pra casa.' Pelo jeito eu prejudicava os negócios dele".

"Uma noite eu estava patrulhando a casa com minha escopeta e desci as escadas do quarto até a sala de estar. Daí eu subi as escadas até o quarto, dando no loft, onde Megan estava dormindo. Quando cheguei lá, a arma disparou e a bala fez um buraco do teto do outro lado do loft. Megan nem acordou".
"David estava mostrando serviço, e muito, e quis saber das vias do abuso de substâncias químicas. Ele me perguntou o que eu estava tomando em termos de bagulho e pelo que eu estava passando emocionalmente, psicologicamente, fisicamente e com a banda. Eu enrolei um pouco, mas na hora que eu comecei a falar sobre meus amigos invisíveis, David me interrompeu. A conversa como um todo foi muito íntima para ter com alguém que ele não tinha visto desde os oito anos de idade, mas ele já tinha ouvido o suficiente. 'Me escute,' ele disse. 'Você não tá numa boa. Se você está vendo coisas, o que você está fazendo a si próprio não é nem um pouco bom. Você está num ponto espiritual muito baixo quando isso começa a acontecer.' Ele parou por um momento. 'Você está se expondo às mais obscuras fronteiras do seu subconsciente. Você está aberto a todos os tipos de energia negativa'. Eu estava tão alienado que não concordei. Eu achava que minhas alucinações eram apenas um tipo de entretenimento. 'OK, beleza.' Eu disse. 'Sim, deve ser ruim mesmo. Valeu o toque'".

"Doug achou que ele podia armar uma leve intervenção com o Steven levando-o de férias pra um resort de golfe no Arizona. Eu era um bicho mais complicado – dizia que a desintoxicação não ia dar muito certo, e nem estava sendo desejada. Na verdade, ninguém poderia dizer merda nenhuma pra mim naquela época; eles tinham que confiar que eu ia dar um jeito nisso tudo sozinho. E eu queria isso de todo coração; eu pensava nisso ao longo de inúmeras noites varadas na Walnut House".

"Arrumei um médico pra me receitar Buprinex, que é um bloqueador das substâncias alcalóides encontradas no ópio. Ele me arrumava garrafas e seringas disso. Era um tratamento muito caro, mas esse sujeito era meio Dr. Feelgood [Nota do editor: nome dado a médicos que prescrevem drogas "legais"], não era lá um cara que clinicava de maneira propriamente dita, por assim dizer. Levei tudo aquilo comigo na noite que eu, de vontade própria decidi me juntar ao Doug e ao Steven no Arizona. Fazia completo sentido naquela época: o sol do Arizona era um excelente lugar para eu começar a sair do vício. Eu disse a Megan que tinha umas paradas da banda pra resolver e que eu voltaria em quatro dias. Eu marquei meu vôo, chamei uma limusine, e liguei prum traficante que eu sabia que ficava no caminho pro aeroporto. Eu tinha planejado tudo. Peguei cocaína e heroína suficientes, todo o Buprinex que ele tinha e fiz as malas para um longo e doce fim de semana num resort de golfe".

"Eu não tinha ligado pro Doug ou pro Steven para dizer a eles que eu estava indo, então quando eu aterrisei naquela noite, eu estava sozinho. Não tinha muita coisa rolando na cidade, mas eu não tava nem aí. 'Hey, esse lugar fica muito longe?' eu perguntei ao motorista da limusine. 'Cerca de 45 minutos, senhor', ele disse. 'OK. Escuta, você pode parar em algum lugar pra comprar uns talheres pra mim?' perguntei. 'Tô com um rango aqui atrás e tô louco de fome'. O motorista dirigiu por cerca de 20 minutos e parou num Denny's [cadeia de lojas de conveniência norte-americana]. Ele saiu e me entregou uma faca e um garfo, enrolados num guardanapo. 'Ótimo', eu pensei. 'Hey', eu disse: 'Escuta, tem algum outro lugar que a gente possa parar? Eu preciso de um conjunto completo de talheres'. Depois de mais 15 minutos nós paramos de novo e dessa vez eu arrumei a colher. Eu subi a divisória entre eu e o motorista, puxei meu bagulho pra fora e cozinhei meu pó. Matei minha fissura e relaxei enquanto dirigíamos pro hotel. O cascalho da paisagem do Arizona de repente parecia muito mais convidativo, e o vidro com insufilme tornou-o ainda mais atraente".

"Quando chegamos ao resort, o Venetian, subi sozinho pro meu quarto. Não era o tipo de lugar com o qual eu estava acostumado, porque não parecia um hotel; era uma coleção de bangalôs ao longo de um bem cuidado campo de golfe. Meu quarto era ótimo, com belas cortinas brancas ao redor da cama, uma lareira pequena, e um banheiro com uma ducha rodeada por blindex – era como um spa. Era tão relaxante que eu não conseguia pensar em nenhuma terapia melhor do que injetar heroína e cocaína a noite toda pra destilar minha alma. Logo me esqueci que a porcaria que eu levei devia durar quatro dias – eu estava agindo como se tivesse que comemorar algo. Dentro de horas, eu estaria sem heroína. É um problema comum entre os viciados: quando você está chapado, está num estado agradável, tudo é bom e doce, e é daí que você faz seus planos; é aí que você pensa em quanto bagulho você precisa. Daí você começa a usar seu bagulho e tudo muda".

"Continuei injetando coca e passei aquela noite me picando e estava muito feliz comigo mesmo apenas fazendo isso por algumas horas. E daí as coisas ficaram loucas. Eu comecei a lutar boxe com monstros que eu via do outro lado das cortinas que rodeavam a cama em tamanho king-size. Batia e me esquivava, como se estivesse numa academia me exercitando. Esse shadow-boxing rolou a noite toda até que o sol nasceu, afundando toda e qualquer sombra no quarto e acabando com minha atividade. Quando eu saí do transe, eu me dei conta que eu provavelmente deveria sair à procura de Steven e Doug".

"Primeiro, decidi tomar uma ducha pra melhorar um pouco. Mas antes disso, eu decidi tomar uma última dose de cocaína. Eu me senti ótimo quando entrei naquele grande, luxuoso chuveiro parecido com uma chuva. E enquanto eu estava lá sob a boa água morna, as alucinações da coca me bateram mais forte do que na noite anterior. A luz do sol estava entrando pela abóbada, mas eu via longas sombras subirem pelos cantos do quarto. Elas subiam pelo chão em direção a mim, no vidro do box do chuveiro, e tomaram a forma dos monstros das sombras com os quais eu tinha feito shadow-boxing antes. Eles estavam bem na minha frente, preenchendo a porta de vídro, e eu não ia deixar eles me pegarem, então eu mandei um murro com toda minha força neles, despedaçando todo o vidro pelo chão. Eu fiquei lá com a mão cortada, debaixo da água, paralisado, paranóico, vasculhando o banheiro com os olhos atrás de outros inimigos".

"Foi aí que meus pequenos amigos apareceram. Prá mim eles sempre se pareceram com a criatura do filme 'O Predador', mas numa fração do tamanho e de cor azul-cinza transparente; eles eram fortes com as mesmas cabeças pontudas e dreadlocks de borracha. Eles sempre tinham sido uma distração despreocupante e bem-vinda, mas essa alucinação foi macabra. Eu podia vê-los se aglomerando na porta; havia um exército deles, segurando pequenas metralhadoras e armas que pareciam arpões".

"Eu estava aterrorizado; corri pelo chão cheio de cacos de vidro e bati a porta corrediça de vidro do banheiro. O sangue começou a formar uma piscina em minha volta, saindo dos meus pés, mas eu não sentia nada; eu assisti horrorizado aos Predadores espremerem seus braços e pernas entre a porta e o batente e começarem a empurrar a porta pro lado. Eu coloquei todo meu peso contra ela em um esforço pra mantê-la fechada, mas era inútil; eles estavam ganhando e eu estava perdendo equilíbro sobre todo aquele vidro quebrado".

"Decidi correr. Me joguei pela porta de vidro, me cortando ainda mais e espalhando cacos pelo quarto todo. Quando saí correndo do bangalô, a luz forte do sol, o verde chocante da grama e as cores do céu eram impressionantes; tudo era pulsante e vívido. Tudo em meu quarto parecia tão real que eu não estava preparado, na minha condição, para ser tão abruptamente transportado das cortinas abaixadas pro meio da brilhante luz do dia".

"Corri pelo lugar completamente pelado e sangrando, pra longe do exército de Predadores que eu via atrás de mim toda vez que eu olhava. Eu precisava de um abrigo da castigante luz do sol, então eu entrei pela porta aberta de um outro bangalô. Me escondi atrás da porta, e depois atrás de uma cadeira, enquanto os Predadores começavam a encher o quarto. Tinha uma camareira lá, fazendo a cama, e ela começou a gritar quando me viu. Ela gritou ainda mais quando eu tentei usá-la como escudo humano pra me proteger dos pequenos caçadores no meu rastro".

"Saí correndo de novo, no gás, pelo meio do resort, com um exército transparente nos meus calcanhares; as cores e o cenário só acrescentavam mais loucura à minha demência; eu consegui chegar à parte de trás da sede social do clube e entrei pela porta dos fundos pra dentro da cozinha; todos os cozinheiros e o serviço estavam me deixando tonto, então eu corri pra fora de lá, direto pro saguão. Havia hóspedes e funcionários por todo canto e eu lembro de ter agarrado um executivo bem vestido que estava por lá, de pé, com sua bagagem, usando-o como escudo humano de novo. Ele parecia tão impávido que eu achei que ele poderia barrar os Predadores, mas eu estava errado. Eles me alcançaram nessa altura e começaram a subir por minhas pernas, carregando suas pequenas armas. O executivo não queria nem saber de mim; ele se soltou e eu recuei até um armário de material de limpeza em algum lugar perto da cozinha. Enquanto uma platéia começava a se formar, eu saí correndo de lá de novo, eventualmente achando escuridão e abrigo numa moita no caminho de pedras, onde eu me escondi atrás de um cortador de grama, até que, finalmente, as alucinações começaram a diminuir".

"Eu tinha causado um baita dum fuzuê nessa altura do campeonato; os policiais apareceram, e junto com um monte de curiosos, me abordaram em meu esconderijo. Eu não estava mais vendo os Predadores, mas quando eu dei meu relato aos policiais, ele envolvia uma recriação detalhada de como eles me caçaram por todo o resort tentando me matar. Eu ainda estava louco o suficiente pra contar a história sem um pingo de consciência. Tudo ao redor de mim ainda parecia muito bizarro; mesmo quando Steven se acotovelou pelo meio dos curiosos e me deu uma calça de moletom"

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