Foge Foge Bandido
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Foge Foge Bandido
Foge Foge Bandido, projecto de Manuel Cruz (Ornatos Violeta, Pluto), está finalmente cá fora. Dois discos (o amor dá-me tesão e não fui eu que estraguei) num livro, com chancela da Turbina.
Biografia
O Foge Foge Bandido foi um namoro de acasos, descobrir a música das pessoas e não dos músicos e atribuir ao tempo a tarefa de seleccionar o material. Foi tentar ao máximo expressar o processo, com a consciência, claro, de que o acaso se estende ao próprio entendimento desse processo e de que se calhar não percebi nada.
Manel Cruz
Lado a, lado b, lado c, nada há no reaparecimento editorial de Manuel Cruz (Ornatos Violeta, Pluto) que se ponha a jeito de rótulos – o que,de algum modo, já se infere pelo nome do projecto: Foge Foge Bandido. Está tudo ligado: dois discos + um livro = uma obra. Quando muito, háuma proposta: ouvir os discos como quem vê um filme, em que as músicas e as histórias nelas contidas permitem desenhar narrativas imaginárias e assim estabelecer uma comunhão entre a identidade do autor, intérprete dos seus sentimentos, e do ouvinte, intérprete do intérprete segundo os seus sentimentos. O livro, sendo outro facto estético derramado pela mesma fonte (que é como quem diz: um todo e, simultaneamente, uma parte), não pretende cumprir o papel de um making of, mas apoia a conjectura de sobre como terão sido as várias fases do longo processo – quase dez anos – que deu origem à obra. E como se intitula ela? Foge Foge Bandido? Não, isso é o projecto. O amor dá-me tesão? Não, esse é o título de um dos discos (o primeiro ou o segundo, consoante a forma como se aborde o livro, que a meio sofre uma inversão, de modo a subjectivar o que é ler/ouvir do princípio para o fim ou do fim para o princípio). Não fui eu que estraguei? Não, esse é o título do outro disco. Então? Talvez o ouvinte encontre a resposta, se a achar necessária, no símbolo que aí se pode ver da porta aberta para que todos se sintam participantes, para que todos fujam das coisas pré-dadas e se aventurem no prazer de tomar parte, de partilhar e decidir. Se há, aliás, característica que possa definir o caminho trilhado por este projecto é a espontaneidade, tanto como método de conjugar os sons e as palavras para o aparecimento de um discurso (est)ético, quanto como critério na inclusão de colaboradores/passageiros de fuga, onde se reúnem músicos, amigos (pessoas e animais), desconhecidos e família. Experimentar foi a palavra de ordem. Daí, por exemplo, a multiplicidade de instrumentos e o encarar não restritivo do conceito de instrumento musical, promovido a ferramenta de trabalho – seja o software, um teclado analógico ou um saco de feijões. É, afinal, de um jogo a feijões que se trata o experimentar subjacente a Foge Foge Bandido. Alegarão: mas, se é a feijões, não há nada a ganhar. Ver-se-á, ouvindo. Em última análise, haverá tanto como a perder. É a vida.
Site: http://www.fogefogebandido.com/
Biografia
O Foge Foge Bandido foi um namoro de acasos, descobrir a música das pessoas e não dos músicos e atribuir ao tempo a tarefa de seleccionar o material. Foi tentar ao máximo expressar o processo, com a consciência, claro, de que o acaso se estende ao próprio entendimento desse processo e de que se calhar não percebi nada.
Manel Cruz
Lado a, lado b, lado c, nada há no reaparecimento editorial de Manuel Cruz (Ornatos Violeta, Pluto) que se ponha a jeito de rótulos – o que,de algum modo, já se infere pelo nome do projecto: Foge Foge Bandido. Está tudo ligado: dois discos + um livro = uma obra. Quando muito, háuma proposta: ouvir os discos como quem vê um filme, em que as músicas e as histórias nelas contidas permitem desenhar narrativas imaginárias e assim estabelecer uma comunhão entre a identidade do autor, intérprete dos seus sentimentos, e do ouvinte, intérprete do intérprete segundo os seus sentimentos. O livro, sendo outro facto estético derramado pela mesma fonte (que é como quem diz: um todo e, simultaneamente, uma parte), não pretende cumprir o papel de um making of, mas apoia a conjectura de sobre como terão sido as várias fases do longo processo – quase dez anos – que deu origem à obra. E como se intitula ela? Foge Foge Bandido? Não, isso é o projecto. O amor dá-me tesão? Não, esse é o título de um dos discos (o primeiro ou o segundo, consoante a forma como se aborde o livro, que a meio sofre uma inversão, de modo a subjectivar o que é ler/ouvir do princípio para o fim ou do fim para o princípio). Não fui eu que estraguei? Não, esse é o título do outro disco. Então? Talvez o ouvinte encontre a resposta, se a achar necessária, no símbolo que aí se pode ver da porta aberta para que todos se sintam participantes, para que todos fujam das coisas pré-dadas e se aventurem no prazer de tomar parte, de partilhar e decidir. Se há, aliás, característica que possa definir o caminho trilhado por este projecto é a espontaneidade, tanto como método de conjugar os sons e as palavras para o aparecimento de um discurso (est)ético, quanto como critério na inclusão de colaboradores/passageiros de fuga, onde se reúnem músicos, amigos (pessoas e animais), desconhecidos e família. Experimentar foi a palavra de ordem. Daí, por exemplo, a multiplicidade de instrumentos e o encarar não restritivo do conceito de instrumento musical, promovido a ferramenta de trabalho – seja o software, um teclado analógico ou um saco de feijões. É, afinal, de um jogo a feijões que se trata o experimentar subjacente a Foge Foge Bandido. Alegarão: mas, se é a feijões, não há nada a ganhar. Ver-se-á, ouvindo. Em última análise, haverá tanto como a perder. É a vida.
Site: http://www.fogefogebandido.com/
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