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Paredes de Coura: segundo dia

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Mensagem  PapaNJam Sáb Ago 02, 2008 11:39 pm

Editors, The Sounds e Primal Scream foram as estrelas da segunda noite do festival. Saiba tudo aqui.
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No segundo dia de Paredes de Coura, as atenções centram-se nos concertos de Editors e Primal Scream, os cabeças-de-cartaz desta Sexta-feira. .
19h10 - Os d3ö despedem-se do palco secundário com "um grande abraço". A banda de Toni Fortuna não é o nome mais ilustre da brigada rock de Coimbra, mas revela-se, tanto em disco como em concerto, mais do que convincente no seu rock garageiro, sujo e vagamente perverso.

As poucas dezenas de espectadores que dão as boas-vindas aos d3ö - entre os quais um grupo de seus conterrâneos, com a bandeira de Coimbra e tudo - vão abanando a anca e acenando a cabeça, como quem aprova canções como "I Could Never Trust Ya" ou "Tell Me No Lies".
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No meio de muitos piropos entre os espectadores conimbricenses e a banda da cidade dos estudantes, temas já conhecidos alternaram com amostras do próximo disco, a sair este ano.

Pelo recinto de Paredes de Coura circula já muita gente; dentro de poucos minutos, os Two Gallants abrem o palco principal.
20h15 - Os Two Gallants ofereceram, no palco principal, uma actuação surpreendente. A dupla americana agradeceu ao público, esparramado na relva mas em bom número, a "oportunidade" que lhes foi dada, mas a avaliar pelos aplausos, a plateia é que lhes ficou agradecida pela visita.
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De pé e com calções de ganga pelo joelho, Adam Stephens toca guitarra eléctrica e harmónica, dando o mote a melodias bucólicas; sentado à bateria, o seu companheiro Tyson Vogel - farripas de cabelo assimétricas a taparem-lhe os olhos - impressiona pela forma como empresta às músicas nervo e risco
Os Two Gallants são da "família" Saddle Creek e isso nota-se: a voz de Adam Stephens não anda longe da emocionalidade de Conor Oberst, o patrão dos Bright Eyes e daquela editora, dedicada sobretudo à pop e à folk.

Na música dos Two Gallants, que já vão no terceiro disco, há também algum psicadelismo (sobretudo em "Prodigal Son"), resquícios dos velhos westerns e uma paixoneta pelo México que lembra os Calexico - só coisas boas, portanto, o que lhes valeu uma calorosa salva de palmas na despedida.

21h25 - Os Rakes gritam o nome de Portugal, na hora da despedida. A banda de Londres, mais uma da vaga revivalista do pós-punk, arrancou do público uma boa recepção.
A festa foi mesmo além do núcleo duro que, frente ao palco, agrupa os maiores adeptos de cada banda e também aqueles que celebram como se não houvesse amanhã, independentemente da banda que esteja a tocar.
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Os Rakes não têm o lado galhofeiro dos Kaiser Chiefs ou a verve de Paul Smith, dos Maxïmo Park, mas têm Alan Donohoe, um vocalista extremamente comunicativo e plástico, que passou o tempo a esticar braços e pernas numa versão muito personalizada de uma aula de aeróbica.

O esforço valeu a pena - a plateia de Paredes de Coura, já bem composta numa noite que começa a arrefecer, acompanhou músicas como "22 Grand Job" ou "The World Was a Mess But His Hair Was Perfect" com palminhas a compasso e alguns episódios de mosh.
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Alan Donohoe, a figura mais visível em palco, ficou tão bem impressionado que até prometeu aos mais afoitos, que seguravam um cartaz pedindo a setlist do espectáculo, que tentaria satisfazer o seu pedido.

23h00 - Os The Sounds escolhem "Tony The Beat" para encerrar o seu concerto, recebido com muito entusiasmo por uma plateia numerosa - ainda assim, aquém da que ontem acolheu os Sex Pistols.

Com Maja Ivarsson, uma loura oxigenada de micro-calções e pernas sem fim à vista, a liderar as tropas, os Sounds são mais uma prova de que, na Suécia, boa parte da população trata por tu a pop.
A pop tal como os Sounds a entendem bate de frente na new-wave e no power-rock, o que faz de canções como "America", "Queen of Apologies" ou "Hurt You" irresistíveis pastilhas elásticas (elogio!).
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Esta noite, os autores de Dying To Say This To You juraram ao público português que trocaram o conforto do estúdio, onde estão a preparar o terceiro disco, pelo nosso "país fabuloso", e em troca receberam as honrarias do costume: palminhas a acompanhar as músicas, piropos a Maja ("Esta banda é muito BOA!", dizia um senhor a nosso lado) e uma energia que até as crianças contagiou. Vimos meninos de 8 ou 9 anos a repetir os "la la las" de Maja e a fazer air guitar. A sério.

No capítulo das surpresas, destaque para uma balada ao piano (eléctrico) e um momento quase pós-rock, com guitarra, teclas e bateria ao rubro.
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Mas é da efervescência dos teclados e dos refrões eufóricos que se faz a fama dos Sounds, e foram esses os grandes trunfos do regresso vitorioso dos escandinavos a Portugal (tinham estado no Alive em 2007).
Dentro de momentos entram em palco os Editors, uma das bandas mais esperadas desta noite.
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00h30 - Os Editors despedem-se do público português, que têm visitado com frequência nos últimos tempos, com "Fingers In The Factories", do seu primeiro álbum.


Da "fornada" do pós-punk britânico para o século XXI, os autores de "Bullets" são, possivelmente, a banda mais bem sucedida. Em Portugal, então, os Editors já são praticamente uma banda de estádio - e dizemo-lo sem qualquer intenção pejorativa, antes tendo em mente o entusiasmo do público nacional com as suas canções.
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A seu favor, os Editors têm um apreciável acervo de canções que aparentam contenção e seriedade, antes de explodirem em refrões épicos; a voz solene de Tom Smith, a trazer boas memórias à geração de Madchester, e um modesto toque de grandeza que tira a sua música do intimismo de um quarto (um back room?) e a arrasta para grandes espaços, como o anfiteatro natural de Paredes de Coura.

Esta noite, os temas mais conhecidos e dados à partilha tiveram a recepção esperada - "Bones", "Blood" e "Sparks" a abrir - para entusiasmo da banda, que elogiou os fãs portugueses: "You look amazing tonight", galanteou Tom Smith.
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Em concerto, os Editors mostram-se também bem mais vivaços do que em disco, tocando versões bem ligeirinhas dos seus épicos de bolso; o ar compenetrado mas acessível da banda, um quarteto de visual discreto e limpo, ajuda a criar empatia com o público.
O "miolo" do concerto sofreu, ainda assim, com alguma apatia por parte do público mais distante do palco - "An End Has A Start", tema-título do segundo disco da banda, foi recebido com relativa frieza.

Perto do final do espectáculo, porém, "Smokers Outside The Hospital Doors" e "Munich" levaram o povo ao delírio, arrancando à multidão os coros mais acertados da noite e as esperadas palminhas, fiável barómetro da adesão do público a um concerto.
A qualquer momento, os Primal Scream entrarão em palco para o último concerto do segundo dia de Paredes de Coura.
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02h15 - Os Primal Scream despedem-se de Paredes de Coura em bom estilo - com a sempre eficaz "Rocks" - mas sem grande glória. Depois de ouvir o maior êxito da banda de Bobby Gillespie, a maior parte do público começa a abandonar o recinto - talvez para fugir do frio que já fazia bater alguns dentes - e nem exige encore, algo de insólito quando falamos de um cabeça de cartaz. A banda, inteligentemente dizemos nós, também não se digna a voltar.
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Não quer isto dizer que os Primal Scream tenham dado um mau concerto, muito pelo contrário. Com um atraso considerável, entraram em palco com o seu óptimo e recente single, "Can't Go Back", disparado a toda a velocidade.
A insinuante linha do teclado, que ouvíramos à tarde no soundcheck e nos ficara na cabeça desde então, parecia querer dizer que, depois da Britânia circunspecta e introvertida dos Editors, os Primal Scream tinham chegado para mostrar aos espectadores que um festival - também - se faz de hedonismo e diversão.
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Ao seu melhor estilo displicente-cool, Bobby Gillespie fez os possíveis para entusiasmar o público, pedindo a sua participação em "Dolls" ou "Miss Lucifer" e mostrando-se sempre bem-disposto e animado, aliás como o resto da banda.
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"Beautiful Future", o tema-título do novo álbum e uma das músicas deste Verão, algures entre a depravação e a pop pastoril, foi outro dos bons momentos de um concerto que, se nunca chegou a pegar fogo, não terá sido por culpa da banda.

Apesar da diversão que transpirava do palco, nomeadamente na rave para guitarras que foi "Shoot Speed Kill Light" e na rave-rave de "Swastika Eyes", alguns dos espectadores foram abandonando o recinto e virando costas ao Primal Scream.

Os que ficaram - e bem entendido, foram muitos - renderam-se ao poderio rock/blues/gospel de "I Wanna Testify", "Country Girl" e, claro está, "Rocks".

No final, foi o bom e velhinho rock'n'roll a "salvar" os Primal Scream. Mas tudo o que eles nos deram, esta noite, merecia outro calor.

PapaNJam

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