Paredes de Coura: segundo dia
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Paredes de Coura: segundo dia
Editors, The Sounds e Primal Scream foram as estrelas da segunda noite do festival. Saiba tudo aqui.
No segundo dia de Paredes de Coura, as atenções centram-se nos concertos de Editors e Primal Scream, os cabeças-de-cartaz desta Sexta-feira. .
19h10 - Os d3ö despedem-se do palco secundário com "um grande abraço". A banda de Toni Fortuna não é o nome mais ilustre da brigada rock de Coimbra, mas revela-se, tanto em disco como em concerto, mais do que convincente no seu rock garageiro, sujo e vagamente perverso.
As poucas dezenas de espectadores que dão as boas-vindas aos d3ö - entre os quais um grupo de seus conterrâneos, com a bandeira de Coimbra e tudo - vão abanando a anca e acenando a cabeça, como quem aprova canções como "I Could Never Trust Ya" ou "Tell Me No Lies".
No meio de muitos piropos entre os espectadores conimbricenses e a banda da cidade dos estudantes, temas já conhecidos alternaram com amostras do próximo disco, a sair este ano.
Pelo recinto de Paredes de Coura circula já muita gente; dentro de poucos minutos, os Two Gallants abrem o palco principal.
20h15 - Os Two Gallants ofereceram, no palco principal, uma actuação surpreendente. A dupla americana agradeceu ao público, esparramado na relva mas em bom número, a "oportunidade" que lhes foi dada, mas a avaliar pelos aplausos, a plateia é que lhes ficou agradecida pela visita.
De pé e com calções de ganga pelo joelho, Adam Stephens toca guitarra eléctrica e harmónica, dando o mote a melodias bucólicas; sentado à bateria, o seu companheiro Tyson Vogel - farripas de cabelo assimétricas a taparem-lhe os olhos - impressiona pela forma como empresta às músicas nervo e risco
Os Two Gallants são da "família" Saddle Creek e isso nota-se: a voz de Adam Stephens não anda longe da emocionalidade de Conor Oberst, o patrão dos Bright Eyes e daquela editora, dedicada sobretudo à pop e à folk.
Na música dos Two Gallants, que já vão no terceiro disco, há também algum psicadelismo (sobretudo em "Prodigal Son"), resquícios dos velhos westerns e uma paixoneta pelo México que lembra os Calexico - só coisas boas, portanto, o que lhes valeu uma calorosa salva de palmas na despedida.
21h25 - Os Rakes gritam o nome de Portugal, na hora da despedida. A banda de Londres, mais uma da vaga revivalista do pós-punk, arrancou do público uma boa recepção.
A festa foi mesmo além do núcleo duro que, frente ao palco, agrupa os maiores adeptos de cada banda e também aqueles que celebram como se não houvesse amanhã, independentemente da banda que esteja a tocar.
Os Rakes não têm o lado galhofeiro dos Kaiser Chiefs ou a verve de Paul Smith, dos Maxïmo Park, mas têm Alan Donohoe, um vocalista extremamente comunicativo e plástico, que passou o tempo a esticar braços e pernas numa versão muito personalizada de uma aula de aeróbica.
O esforço valeu a pena - a plateia de Paredes de Coura, já bem composta numa noite que começa a arrefecer, acompanhou músicas como "22 Grand Job" ou "The World Was a Mess But His Hair Was Perfect" com palminhas a compasso e alguns episódios de mosh.
Alan Donohoe, a figura mais visível em palco, ficou tão bem impressionado que até prometeu aos mais afoitos, que seguravam um cartaz pedindo a setlist do espectáculo, que tentaria satisfazer o seu pedido.
23h00 - Os The Sounds escolhem "Tony The Beat" para encerrar o seu concerto, recebido com muito entusiasmo por uma plateia numerosa - ainda assim, aquém da que ontem acolheu os Sex Pistols.
Com Maja Ivarsson, uma loura oxigenada de micro-calções e pernas sem fim à vista, a liderar as tropas, os Sounds são mais uma prova de que, na Suécia, boa parte da população trata por tu a pop.
A pop tal como os Sounds a entendem bate de frente na new-wave e no power-rock, o que faz de canções como "America", "Queen of Apologies" ou "Hurt You" irresistíveis pastilhas elásticas (elogio!).
Esta noite, os autores de Dying To Say This To You juraram ao público português que trocaram o conforto do estúdio, onde estão a preparar o terceiro disco, pelo nosso "país fabuloso", e em troca receberam as honrarias do costume: palminhas a acompanhar as músicas, piropos a Maja ("Esta banda é muito BOA!", dizia um senhor a nosso lado) e uma energia que até as crianças contagiou. Vimos meninos de 8 ou 9 anos a repetir os "la la las" de Maja e a fazer air guitar. A sério.
No capítulo das surpresas, destaque para uma balada ao piano (eléctrico) e um momento quase pós-rock, com guitarra, teclas e bateria ao rubro.
Mas é da efervescência dos teclados e dos refrões eufóricos que se faz a fama dos Sounds, e foram esses os grandes trunfos do regresso vitorioso dos escandinavos a Portugal (tinham estado no Alive em 2007).
Dentro de momentos entram em palco os Editors, uma das bandas mais esperadas desta noite.
00h30 - Os Editors despedem-se do público português, que têm visitado com frequência nos últimos tempos, com "Fingers In The Factories", do seu primeiro álbum.
Da "fornada" do pós-punk britânico para o século XXI, os autores de "Bullets" são, possivelmente, a banda mais bem sucedida. Em Portugal, então, os Editors já são praticamente uma banda de estádio - e dizemo-lo sem qualquer intenção pejorativa, antes tendo em mente o entusiasmo do público nacional com as suas canções.
A seu favor, os Editors têm um apreciável acervo de canções que aparentam contenção e seriedade, antes de explodirem em refrões épicos; a voz solene de Tom Smith, a trazer boas memórias à geração de Madchester, e um modesto toque de grandeza que tira a sua música do intimismo de um quarto (um back room?) e a arrasta para grandes espaços, como o anfiteatro natural de Paredes de Coura.
Esta noite, os temas mais conhecidos e dados à partilha tiveram a recepção esperada - "Bones", "Blood" e "Sparks" a abrir - para entusiasmo da banda, que elogiou os fãs portugueses: "You look amazing tonight", galanteou Tom Smith.
Em concerto, os Editors mostram-se também bem mais vivaços do que em disco, tocando versões bem ligeirinhas dos seus épicos de bolso; o ar compenetrado mas acessível da banda, um quarteto de visual discreto e limpo, ajuda a criar empatia com o público.
O "miolo" do concerto sofreu, ainda assim, com alguma apatia por parte do público mais distante do palco - "An End Has A Start", tema-título do segundo disco da banda, foi recebido com relativa frieza.
Perto do final do espectáculo, porém, "Smokers Outside The Hospital Doors" e "Munich" levaram o povo ao delírio, arrancando à multidão os coros mais acertados da noite e as esperadas palminhas, fiável barómetro da adesão do público a um concerto.
A qualquer momento, os Primal Scream entrarão em palco para o último concerto do segundo dia de Paredes de Coura.
02h15 - Os Primal Scream despedem-se de Paredes de Coura em bom estilo - com a sempre eficaz "Rocks" - mas sem grande glória. Depois de ouvir o maior êxito da banda de Bobby Gillespie, a maior parte do público começa a abandonar o recinto - talvez para fugir do frio que já fazia bater alguns dentes - e nem exige encore, algo de insólito quando falamos de um cabeça de cartaz. A banda, inteligentemente dizemos nós, também não se digna a voltar.
Não quer isto dizer que os Primal Scream tenham dado um mau concerto, muito pelo contrário. Com um atraso considerável, entraram em palco com o seu óptimo e recente single, "Can't Go Back", disparado a toda a velocidade.
A insinuante linha do teclado, que ouvíramos à tarde no soundcheck e nos ficara na cabeça desde então, parecia querer dizer que, depois da Britânia circunspecta e introvertida dos Editors, os Primal Scream tinham chegado para mostrar aos espectadores que um festival - também - se faz de hedonismo e diversão.
Ao seu melhor estilo displicente-cool, Bobby Gillespie fez os possíveis para entusiasmar o público, pedindo a sua participação em "Dolls" ou "Miss Lucifer" e mostrando-se sempre bem-disposto e animado, aliás como o resto da banda.
"Beautiful Future", o tema-título do novo álbum e uma das músicas deste Verão, algures entre a depravação e a pop pastoril, foi outro dos bons momentos de um concerto que, se nunca chegou a pegar fogo, não terá sido por culpa da banda.
Apesar da diversão que transpirava do palco, nomeadamente na rave para guitarras que foi "Shoot Speed Kill Light" e na rave-rave de "Swastika Eyes", alguns dos espectadores foram abandonando o recinto e virando costas ao Primal Scream.
Os que ficaram - e bem entendido, foram muitos - renderam-se ao poderio rock/blues/gospel de "I Wanna Testify", "Country Girl" e, claro está, "Rocks".
No final, foi o bom e velhinho rock'n'roll a "salvar" os Primal Scream. Mas tudo o que eles nos deram, esta noite, merecia outro calor.
No segundo dia de Paredes de Coura, as atenções centram-se nos concertos de Editors e Primal Scream, os cabeças-de-cartaz desta Sexta-feira. .
19h10 - Os d3ö despedem-se do palco secundário com "um grande abraço". A banda de Toni Fortuna não é o nome mais ilustre da brigada rock de Coimbra, mas revela-se, tanto em disco como em concerto, mais do que convincente no seu rock garageiro, sujo e vagamente perverso.
As poucas dezenas de espectadores que dão as boas-vindas aos d3ö - entre os quais um grupo de seus conterrâneos, com a bandeira de Coimbra e tudo - vão abanando a anca e acenando a cabeça, como quem aprova canções como "I Could Never Trust Ya" ou "Tell Me No Lies".
No meio de muitos piropos entre os espectadores conimbricenses e a banda da cidade dos estudantes, temas já conhecidos alternaram com amostras do próximo disco, a sair este ano.
Pelo recinto de Paredes de Coura circula já muita gente; dentro de poucos minutos, os Two Gallants abrem o palco principal.
20h15 - Os Two Gallants ofereceram, no palco principal, uma actuação surpreendente. A dupla americana agradeceu ao público, esparramado na relva mas em bom número, a "oportunidade" que lhes foi dada, mas a avaliar pelos aplausos, a plateia é que lhes ficou agradecida pela visita.
De pé e com calções de ganga pelo joelho, Adam Stephens toca guitarra eléctrica e harmónica, dando o mote a melodias bucólicas; sentado à bateria, o seu companheiro Tyson Vogel - farripas de cabelo assimétricas a taparem-lhe os olhos - impressiona pela forma como empresta às músicas nervo e risco
Os Two Gallants são da "família" Saddle Creek e isso nota-se: a voz de Adam Stephens não anda longe da emocionalidade de Conor Oberst, o patrão dos Bright Eyes e daquela editora, dedicada sobretudo à pop e à folk.
Na música dos Two Gallants, que já vão no terceiro disco, há também algum psicadelismo (sobretudo em "Prodigal Son"), resquícios dos velhos westerns e uma paixoneta pelo México que lembra os Calexico - só coisas boas, portanto, o que lhes valeu uma calorosa salva de palmas na despedida.
21h25 - Os Rakes gritam o nome de Portugal, na hora da despedida. A banda de Londres, mais uma da vaga revivalista do pós-punk, arrancou do público uma boa recepção.
A festa foi mesmo além do núcleo duro que, frente ao palco, agrupa os maiores adeptos de cada banda e também aqueles que celebram como se não houvesse amanhã, independentemente da banda que esteja a tocar.
Os Rakes não têm o lado galhofeiro dos Kaiser Chiefs ou a verve de Paul Smith, dos Maxïmo Park, mas têm Alan Donohoe, um vocalista extremamente comunicativo e plástico, que passou o tempo a esticar braços e pernas numa versão muito personalizada de uma aula de aeróbica.
O esforço valeu a pena - a plateia de Paredes de Coura, já bem composta numa noite que começa a arrefecer, acompanhou músicas como "22 Grand Job" ou "The World Was a Mess But His Hair Was Perfect" com palminhas a compasso e alguns episódios de mosh.
Alan Donohoe, a figura mais visível em palco, ficou tão bem impressionado que até prometeu aos mais afoitos, que seguravam um cartaz pedindo a setlist do espectáculo, que tentaria satisfazer o seu pedido.
23h00 - Os The Sounds escolhem "Tony The Beat" para encerrar o seu concerto, recebido com muito entusiasmo por uma plateia numerosa - ainda assim, aquém da que ontem acolheu os Sex Pistols.
Com Maja Ivarsson, uma loura oxigenada de micro-calções e pernas sem fim à vista, a liderar as tropas, os Sounds são mais uma prova de que, na Suécia, boa parte da população trata por tu a pop.
A pop tal como os Sounds a entendem bate de frente na new-wave e no power-rock, o que faz de canções como "America", "Queen of Apologies" ou "Hurt You" irresistíveis pastilhas elásticas (elogio!).
Esta noite, os autores de Dying To Say This To You juraram ao público português que trocaram o conforto do estúdio, onde estão a preparar o terceiro disco, pelo nosso "país fabuloso", e em troca receberam as honrarias do costume: palminhas a acompanhar as músicas, piropos a Maja ("Esta banda é muito BOA!", dizia um senhor a nosso lado) e uma energia que até as crianças contagiou. Vimos meninos de 8 ou 9 anos a repetir os "la la las" de Maja e a fazer air guitar. A sério.
No capítulo das surpresas, destaque para uma balada ao piano (eléctrico) e um momento quase pós-rock, com guitarra, teclas e bateria ao rubro.
Mas é da efervescência dos teclados e dos refrões eufóricos que se faz a fama dos Sounds, e foram esses os grandes trunfos do regresso vitorioso dos escandinavos a Portugal (tinham estado no Alive em 2007).
Dentro de momentos entram em palco os Editors, uma das bandas mais esperadas desta noite.
00h30 - Os Editors despedem-se do público português, que têm visitado com frequência nos últimos tempos, com "Fingers In The Factories", do seu primeiro álbum.
Da "fornada" do pós-punk britânico para o século XXI, os autores de "Bullets" são, possivelmente, a banda mais bem sucedida. Em Portugal, então, os Editors já são praticamente uma banda de estádio - e dizemo-lo sem qualquer intenção pejorativa, antes tendo em mente o entusiasmo do público nacional com as suas canções.
A seu favor, os Editors têm um apreciável acervo de canções que aparentam contenção e seriedade, antes de explodirem em refrões épicos; a voz solene de Tom Smith, a trazer boas memórias à geração de Madchester, e um modesto toque de grandeza que tira a sua música do intimismo de um quarto (um back room?) e a arrasta para grandes espaços, como o anfiteatro natural de Paredes de Coura.
Esta noite, os temas mais conhecidos e dados à partilha tiveram a recepção esperada - "Bones", "Blood" e "Sparks" a abrir - para entusiasmo da banda, que elogiou os fãs portugueses: "You look amazing tonight", galanteou Tom Smith.
Em concerto, os Editors mostram-se também bem mais vivaços do que em disco, tocando versões bem ligeirinhas dos seus épicos de bolso; o ar compenetrado mas acessível da banda, um quarteto de visual discreto e limpo, ajuda a criar empatia com o público.
O "miolo" do concerto sofreu, ainda assim, com alguma apatia por parte do público mais distante do palco - "An End Has A Start", tema-título do segundo disco da banda, foi recebido com relativa frieza.
Perto do final do espectáculo, porém, "Smokers Outside The Hospital Doors" e "Munich" levaram o povo ao delírio, arrancando à multidão os coros mais acertados da noite e as esperadas palminhas, fiável barómetro da adesão do público a um concerto.
A qualquer momento, os Primal Scream entrarão em palco para o último concerto do segundo dia de Paredes de Coura.
02h15 - Os Primal Scream despedem-se de Paredes de Coura em bom estilo - com a sempre eficaz "Rocks" - mas sem grande glória. Depois de ouvir o maior êxito da banda de Bobby Gillespie, a maior parte do público começa a abandonar o recinto - talvez para fugir do frio que já fazia bater alguns dentes - e nem exige encore, algo de insólito quando falamos de um cabeça de cartaz. A banda, inteligentemente dizemos nós, também não se digna a voltar.
Não quer isto dizer que os Primal Scream tenham dado um mau concerto, muito pelo contrário. Com um atraso considerável, entraram em palco com o seu óptimo e recente single, "Can't Go Back", disparado a toda a velocidade.
A insinuante linha do teclado, que ouvíramos à tarde no soundcheck e nos ficara na cabeça desde então, parecia querer dizer que, depois da Britânia circunspecta e introvertida dos Editors, os Primal Scream tinham chegado para mostrar aos espectadores que um festival - também - se faz de hedonismo e diversão.
Ao seu melhor estilo displicente-cool, Bobby Gillespie fez os possíveis para entusiasmar o público, pedindo a sua participação em "Dolls" ou "Miss Lucifer" e mostrando-se sempre bem-disposto e animado, aliás como o resto da banda.
"Beautiful Future", o tema-título do novo álbum e uma das músicas deste Verão, algures entre a depravação e a pop pastoril, foi outro dos bons momentos de um concerto que, se nunca chegou a pegar fogo, não terá sido por culpa da banda.
Apesar da diversão que transpirava do palco, nomeadamente na rave para guitarras que foi "Shoot Speed Kill Light" e na rave-rave de "Swastika Eyes", alguns dos espectadores foram abandonando o recinto e virando costas ao Primal Scream.
Os que ficaram - e bem entendido, foram muitos - renderam-se ao poderio rock/blues/gospel de "I Wanna Testify", "Country Girl" e, claro está, "Rocks".
No final, foi o bom e velhinho rock'n'roll a "salvar" os Primal Scream. Mas tudo o que eles nos deram, esta noite, merecia outro calor.
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