Festival Jazz em Agosto
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Festival Jazz em Agosto
Otomo Yoshihide New Jazz Orchestra: concerto rico em texturas mas pobre em ritmo no arranque das bodas de prata do festival.
Menos foi mais. Foi com esta sensação que se saiu do concerto de abertura da 25ª edição do Jazz em Agosto. Em 2004, o Anfiteatro ao Ar Livre rendeu-se à energia transbordante do então quinteto de Otomo Yoshihide (ONJQ). A editora portuguesa Clean Feed tratou de registar o memorável concerto em ONJQ Live in Lisbon . Ontem, apesar de serem 13 os elementos em palco que compõem o novo projecto ONJO - Otomo Yoshihide New Jazz Orchestra, o público saiu no máximo... expectante.
O palco do Anfiteatro ao Ar Livre da Gulbenkian estreou ontem uma nova estrutura que permite melhorar a acústica do espaço. Uma grande pala a cobrir todo o palco foi montada com vários painéis de ressonância, colunas de som e luzes. Out To Lunch serviu de espinha dorsal para o concerto. Lançado em 2005 pela ONJO e com o mesmo nome que o original de 1964, é uma reinterpretação de uma das obras maiores do jazz avant-garde assinada pelo vanguardista Eric Dolphy.
Nesta nova formação, além de Yoshihide na guitarra, destacam-se o alemão Axel Dörner na trompete, o pianista holandês Cor Fuhler e o saxofonista sueco Mats Gustafsson.
Das cinco composições tocadas, só a última, "Straight Up and Down", teve a tão esperada intensidade demente de um concerto de Yoshihide. O som angular e dissonante de Dolphy sentiu-se aqui. O baterista Yasuhiro Yoshigaki quebrava os tempos sem piedade sob a fúria da secção de sopros, ou não estivesse presente o colossal Mats Gustafsson no barítono e saxofone tenor a jorrar notas soltas. Yoshihide intercalava sons agudos infindáveis com espasmos de distorção. Pelo meio, domavam a "fera" e certinhos, tocavam a melodia da música original, para de seguida continuarem com a desconstrução construtiva.
Na primeira música da noite, a guitarra abafou todos os instrumentos, mas mesmo assim, um solo inspiradíssimo do trompetista Axel Dörner salvou-a. Na segunda música foi a vez de Gustafsson e o contrabaixista Hiroaki Mizutani desenrolarem um interessante diálogo que, infelizmente, evoluiu para uma chatice. Provavelmente faltaram as imagens para ilustrar o ambiente de extrema tensão que se seguiu... Eraserhead de David Lynch não seria despropositado.
Ouve-se todo o tipo de sons, desde enxames a rangeres de portas com uma melodia densa e continuamente opressiva. Um som semelhante a um raio laser numa operação testa-nos os tímpanos. "Lost In The Rain" a terceira música, mantém o mesmo ambiente, que parece agilizar o vo do morcego, agora menos trôpego, a sobrevoar a audiência.
O tímido sussurrar da cantora nipónica Kahimi Karie sensualiza a canção, boémia qb em registo de jazz noir, só quebrada pelo grasnar de Gustafsson.
No geral, uma prestação desequilibrada com bons momentos, mas fria. O ritmo ou a sua desconstrução foram substituídos por texturas e ambientes para alimentar o cérebro.
O Jazz em Agosto decorre até ao próximo Sábado, dia 9 de Agosto. A programação pode ser consultada em http://www.musica.gulbenkian.pt/jazz/index.html.pt .
Menos foi mais. Foi com esta sensação que se saiu do concerto de abertura da 25ª edição do Jazz em Agosto. Em 2004, o Anfiteatro ao Ar Livre rendeu-se à energia transbordante do então quinteto de Otomo Yoshihide (ONJQ). A editora portuguesa Clean Feed tratou de registar o memorável concerto em ONJQ Live in Lisbon . Ontem, apesar de serem 13 os elementos em palco que compõem o novo projecto ONJO - Otomo Yoshihide New Jazz Orchestra, o público saiu no máximo... expectante.
O palco do Anfiteatro ao Ar Livre da Gulbenkian estreou ontem uma nova estrutura que permite melhorar a acústica do espaço. Uma grande pala a cobrir todo o palco foi montada com vários painéis de ressonância, colunas de som e luzes. Out To Lunch serviu de espinha dorsal para o concerto. Lançado em 2005 pela ONJO e com o mesmo nome que o original de 1964, é uma reinterpretação de uma das obras maiores do jazz avant-garde assinada pelo vanguardista Eric Dolphy.
Nesta nova formação, além de Yoshihide na guitarra, destacam-se o alemão Axel Dörner na trompete, o pianista holandês Cor Fuhler e o saxofonista sueco Mats Gustafsson.
Das cinco composições tocadas, só a última, "Straight Up and Down", teve a tão esperada intensidade demente de um concerto de Yoshihide. O som angular e dissonante de Dolphy sentiu-se aqui. O baterista Yasuhiro Yoshigaki quebrava os tempos sem piedade sob a fúria da secção de sopros, ou não estivesse presente o colossal Mats Gustafsson no barítono e saxofone tenor a jorrar notas soltas. Yoshihide intercalava sons agudos infindáveis com espasmos de distorção. Pelo meio, domavam a "fera" e certinhos, tocavam a melodia da música original, para de seguida continuarem com a desconstrução construtiva.
Na primeira música da noite, a guitarra abafou todos os instrumentos, mas mesmo assim, um solo inspiradíssimo do trompetista Axel Dörner salvou-a. Na segunda música foi a vez de Gustafsson e o contrabaixista Hiroaki Mizutani desenrolarem um interessante diálogo que, infelizmente, evoluiu para uma chatice. Provavelmente faltaram as imagens para ilustrar o ambiente de extrema tensão que se seguiu... Eraserhead de David Lynch não seria despropositado.
Ouve-se todo o tipo de sons, desde enxames a rangeres de portas com uma melodia densa e continuamente opressiva. Um som semelhante a um raio laser numa operação testa-nos os tímpanos. "Lost In The Rain" a terceira música, mantém o mesmo ambiente, que parece agilizar o vo do morcego, agora menos trôpego, a sobrevoar a audiência.
O tímido sussurrar da cantora nipónica Kahimi Karie sensualiza a canção, boémia qb em registo de jazz noir, só quebrada pelo grasnar de Gustafsson.
No geral, uma prestação desequilibrada com bons momentos, mas fria. O ritmo ou a sua desconstrução foram substituídos por texturas e ambientes para alimentar o cérebro.
O Jazz em Agosto decorre até ao próximo Sábado, dia 9 de Agosto. A programação pode ser consultada em http://www.musica.gulbenkian.pt/jazz/index.html.pt .
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