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Festival Jazz em Agosto

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Mensagem  PapaNJam Seg Ago 04, 2008 12:32 am

Otomo Yoshihide New Jazz Orchestra: concerto rico em texturas mas pobre em ritmo no arranque das bodas de prata do festival.
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Menos foi mais. Foi com esta sensação que se saiu do concerto de abertura da 25ª edição do Jazz em Agosto. Em 2004, o Anfiteatro ao Ar Livre rendeu-se à energia transbordante do então quinteto de Otomo Yoshihide (ONJQ). A editora portuguesa Clean Feed tratou de registar o memorável concerto em ONJQ Live in Lisbon . Ontem, apesar de serem 13 os elementos em palco que compõem o novo projecto ONJO - Otomo Yoshihide New Jazz Orchestra, o público saiu no máximo... expectante.
O palco do Anfiteatro ao Ar Livre da Gulbenkian estreou ontem uma nova estrutura que permite melhorar a acústica do espaço. Uma grande pala a cobrir todo o palco foi montada com vários painéis de ressonância, colunas de som e luzes. Out To Lunch serviu de espinha dorsal para o concerto. Lançado em 2005 pela ONJO e com o mesmo nome que o original de 1964, é uma reinterpretação de uma das obras maiores do jazz avant-garde assinada pelo vanguardista Eric Dolphy.



Nesta nova formação, além de Yoshihide na guitarra, destacam-se o alemão Axel Dörner na trompete, o pianista holandês Cor Fuhler e o saxofonista sueco Mats Gustafsson.

Das cinco composições tocadas, só a última, "Straight Up and Down", teve a tão esperada intensidade demente de um concerto de Yoshihide. O som angular e dissonante de Dolphy sentiu-se aqui. O baterista Yasuhiro Yoshigaki quebrava os tempos sem piedade sob a fúria da secção de sopros, ou não estivesse presente o colossal Mats Gustafsson no barítono e saxofone tenor a jorrar notas soltas. Yoshihide intercalava sons agudos infindáveis com espasmos de distorção. Pelo meio, domavam a "fera" e certinhos, tocavam a melodia da música original, para de seguida continuarem com a desconstrução construtiva.

Na primeira música da noite, a guitarra abafou todos os instrumentos, mas mesmo assim, um solo inspiradíssimo do trompetista Axel Dörner salvou-a. Na segunda música foi a vez de Gustafsson e o contrabaixista Hiroaki Mizutani desenrolarem um interessante diálogo que, infelizmente, evoluiu para uma chatice. Provavelmente faltaram as imagens para ilustrar o ambiente de extrema tensão que se seguiu... Eraserhead de David Lynch não seria despropositado.

Ouve-se todo o tipo de sons, desde enxames a rangeres de portas com uma melodia densa e continuamente opressiva. Um som semelhante a um raio laser numa operação testa-nos os tímpanos. "Lost In The Rain" a terceira música, mantém o mesmo ambiente, que parece agilizar o vo do morcego, agora menos trôpego, a sobrevoar a audiência.
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O tímido sussurrar da cantora nipónica Kahimi Karie sensualiza a canção, boémia qb em registo de jazz noir, só quebrada pelo grasnar de Gustafsson.

No geral, uma prestação desequilibrada com bons momentos, mas fria. O ritmo ou a sua desconstrução foram substituídos por texturas e ambientes para alimentar o cérebro.

O Jazz em Agosto decorre até ao próximo Sábado, dia 9 de Agosto. A programação pode ser consultada em http://www.musica.gulbenkian.pt/jazz/index.html.pt .

PapaNJam

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